Campos de Marte

Primeiro Treino
Invocando um zumbi? Explique isto Marte.

O acampamento era um local esplêndido, maravilhoso e cheio de vida. A cada minuto que passava entre os semideuses, espíritos da natureza, pretores etc. Sentia-me como em um antigo livro de capa dura e folhas ásperas, as edificações faziam-me me sentir como um soldado romano pronto para ir à guerra contra os bárbaros que tanto nos atacavam.

Pouco tempo tive para tentar me comunicar com meu pai mais Lupa afirmava que ele sabia de meu destino e minha localização, então, fiquei tranquilo de ele não estar a par dos recentes acontecimentos. Minha nova vida mal começara e lá estava eu me levantando da cama, era um bom lar, com bons companheiros - pelo menos creio nisso - embora nem tenha tentando interagir com algum deles, mas de qualquer forma pareciam-me confiáveis. O Sol já se levantara há uma hora e as atividades do acampamento já estavam a todo vapor, fiz o mesmo, indo para os banheiros e fazendo minha higiene pessoal e logo depois, vestindo uma camisa roxa, um jeans escuro, uma bota preta e indo para os Campos de Marte iniciar meus treinamentos.

Antes mesmo de passar por ao meu local alvo dei uma passadinha ao Arsenal do acampamento; apenas dei vinda a um simples gládio e um escudo, nada muito elevado para um calouro na legião. Adentrando ao espaço dei de cara com demasiados bonecos de madeira; alguns probátios vinham a treinar ali com um instrutor ou algo assim, era um espaço movimentando. O boneco era alto, do meu tamanho, de madeira com estofados de feno e alguns alvos marcados em pontos fatais e órgãos internos, provavelmente para flechas. Saquei meu gládio e meu escudo pondo-os em riste, paralelo ao dorso. Suspirei advertindo meu olhar de cima a baixo do meu futuro alvo. – Bem... Espero que não apanhe para algo inanimado – Murmurei para mim mesmo, sorrindo de canto.

Fiquei parado em frente ao boneco, pensando, o que fazer? Cortá-lo? Bem, isso tudo era muito confuso, não foi como a minha antiga luta na qual meus instintos coordenavam meus movimentos e meus pensamentos, me obrigando a fazer o necessário para sobreviver ou eliminar a ameaça, aqui era algo mais racional, era apenas um bonecos e treinar movimentos. Girei a espada contra o flanco direito do boneco, “Toc”, se fez ouvir. Levantei o escudo e me inclinei para trás ligeiramente visando proteger meu dorso contra um ataque imaginário, “”, imaginei um golpe de maça impactando contra meu escudo. Imaginação era o que não me faltava, ler vários livros e interpretar os movimentos e imaginá-los me recompensou com um "treino" de imaginação ao longo dos anos.

A aquela altura o boneco de madeira já tinha sumido de minha mente, à minha frente estava agora um soldado de meu tamanho com um conjunto de cota de malha de aço de baixa resistência, escudo e espada. Analisei a postura dele, pernas separadas uma das outras onde a dominante tomava a frente, joelhos um pouco flexionados e firmes. Escudo em riste ao dorso assim como espada. Tentei imitar sua posição, não era fácil por mais fácil que parecia... Óh ironia... Corri em sua direção girando o corpo em 360 º e executando um corte em seu escudo, como uma maneira de intimidá-lo e impedir a defesa do próximo ataque. Rápido como um soldado imaginário bloqueou com o escudo já realizando uma estocada contra o flanco direito.

Tentei aparar seu gládio com o meu usando a parte não cortante, porém em vão, fui golpeado nas costelas direitas em cheio pelo soldado imaginário, por sorte imaginário. Voltei à posição. Avancei empurrando o soldado com meu escudo para desequilibrá-lo, seguido de um de cima para baixo contra seu ombro direito, aquele com qual ele segurava sua espada, agora no chão. Não queria perder tempo, avancei como um cachorro que avança em um pedaço suculento de bife, o imaginário apenas defendia meus golpes de gládio com seu escudo com uma habilidade muito acima da minha, até que, no último corte ele me bloqueara com seu escudo e logo após me chutando na perna, simulei uma caída (por que se ataques físicos não são reais).

Sem pausa ele avançou me direcionando um chute a face e me jogando de lado, minha simulação foi um tanto exagerada eu acho, um chute do soldado me jogou a um metro longe. Ele agora recuava em direção ao seu gládio, não podia deixar um inimigo sem um meio de ataque eficaz não é um inimigo é apenas um cachorro, latindo para seus agressores. Rastejei-me e levantei-me pulando contra ele e usando uma tesoura para prender suas pernas e derrubá-lo como uma boleadeira que consegue atingir os pés do oponente, o imaginei caindo. O romano chutou meu escudo diversas vezes enquanto lutava para se soltar de minhas pernas, que mais pareciam trepadeiras envolvendo ruínas de uma construção.

O homem chutou-me a cara se libertando da prisão de minhas pernas e agarrando seu gládio imaginário, sem perder tempo avançou, desceu a lâmina vorazmente contra meu escudo que o rachou com o golpe. Recuei para o lado e cortei seu flanco esquerdo, onde o escudo não cobria com eficácia. Ele gemeu desestabilizado. Avancei novamente erguendo a lâmina contra seu peito, pronto para empalá-lo ou assim pensei. O romano girou em seu eixo aparando com seu escudo e ele me empalou no coração. Fingi uma respiração cortada e precária enquanto girava tentando retirar aquele aço sádico ao qual na minha imaginação fértil me matara.

Os campistas provavelmente estavam pensando, ante meu espetáculo de encenação de batalha: Esse garoto novo comeu as ervas estragada dos filhos de Ceres? Ele é mímico? Ele não se alimentou? O Sol está fritando-lhe a cabeça? Foi quando me dei por si que o boneco de madeira já estava a 5 metros de mim, com vários cortes espalhados pelo corpo, eu no chão todo sujo de areia e barro e os campistas me dirigindo olhadelas esquisitas pelos cantos dos olhos. Meu sangue havia subido a minha cabeça; os golpes pareciam tão reais, tudo foi real para mim. Sobre meu braço direito se adentrava um pequeno corte; fiquei o fitando por um tempo, não fazia a mínima de como aquilo compareceu ali. Movi meu pé esquerdo à frente; porem pressionado ao tal uma mão esquelética vinha a se focar diante meu tornozelo, distinta com um gládio ao seu lado; exalando uma pequena fumaça esverdeada. O que seria tudo aquilo? Um Zumbi... Não, eu não era um filho de plutão, os mortos não tinham com o que me perseguir. Levei minha mão à cabeça, andejando para fora da área.